segunda-feira, 10 de março de 2008

A pequena morte. (Edurdo Galeano)


Não nos provoca riso o amor quando chega ao mais profundo de sua viagem,
ao mais alto de seu vôo: no mais profundo, no mais alto, nos arranca gemidos e
suspiros, vozes de dor, embora seja dor jubilosa, e pensando bem não há nada de
estranho nisso, porque nascer é uma alegria que dói. Pequena morte, chamam na
França, a culminação do abraço, que ao quebrar-nos faz por juntar-nos, e
perdendo-nos faz por nos encontrar e acabando conosco nos principia. Pequena
morte, dizem; mas grande, muito grande haverá de ser, se ao nos matar nos nasce.

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